Entre o Brás Cubas e o ChatGPT: a ironia machadiana e os novos modos de leitura na era da inteligência artificial

Autores

  • Alfredo Marcus Guimarães

DOI:

https://doi.org/10.69807/2966-0785.2025.207

Palavras-chave:

Machado de Assis, inteligência artificial, ironia, leitura crítica, literatura brasileira

Resumo

O presente artigo propõe uma reflexão interdisciplinar entre literatura, linguagem e tecnologia, tomando como eixo a obra de Joaquim Maria Machado de Assis (1839–1908) e sua permanência crítica no contexto da inteligência artificial. A partir do diálogo entre Memórias Póstumas de Brás Cubas e os atuais sistemas de geração textual baseados em IA, busca-se compreender como a ironia machadiana, a consciência narrativa e a metalinguagem antecipam questões que hoje permeiam o debate sobre autoria, interpretação e subjetividade digital. O estudo fundamenta-se em autores como Antônio Candido (1977), Roberto Schwarz (2000), Lúcia Miguel Pereira (1936), Alfredo Bosi (1999), Helen Caldwell (1960) e John Gledson (1991), articulando crítica literária, filosofia da linguagem e estudos de recepção. Defende-se que Machado de Assis, ao fundar uma literatura marcada pela dúvida e pela ironia, legou ao leitor moderno as ferramentas para lidar com os novos discursos produzidos por inteligências artificiais — discursos que, assim como seus narradores, oscilam entre lucidez e simulação.

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Publicado

2025-11-04

Como Citar

GUIMARÃES, Alfredo Marcus. Entre o Brás Cubas e o ChatGPT: a ironia machadiana e os novos modos de leitura na era da inteligência artificial. REVISTA ACADÊMICA DA LUSOFONIA, [S. l.], v. 2, n. 10, p. 1–31, 2025. DOI: 10.69807/2966-0785.2025.207. Disponível em: https://revistaacademicadalusofonia.com/index.php/lusofonia/article/view/207. Acesso em: 17 nov. 2025.

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