FEMINISMO E DIREITO: UMA ABORDAGEM CRÍTICA DO PATRIARCADO NO DIREITO

Autores

  • Renan Antônio da Silva Professor permanente no Programa de Pós Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
  • Marina Beatriz Ferreira Pipino Doutorando no Programa de Pós Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
  • Avaetê de Lunetta e Rodrigues Guerra Mestre em Filosofia, Universidade Federal da Paraíba, (UFPB).
  • Marcelo Máximo Purificação Doutor em Ciências da Religião, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, (PUC GOIÁS), Brasil.

Palavras-chave:

gênero, ciência e tecnologia, epistemologia feminista

Resumo

É certo que a ciência e a tecnologia funcionam como corolário de verificação da realidade e mecanismo de desenvolvimento social, seja como prognostico, como invenção ou mera reflexão social. Todavia, a realidade deflagra que há uma estrutura social dominante que opera no pano de fundo das propostas cientificas e tecnológicas e que por vezes tal pano de fundo funciona como antolho cerceante de uma realidade maior. Assim observando que as narrativas dominantes considerando o homem1 como elemento referencial da produção da ciência e da tecnologia é certo que existe a problemática da desigualdade estrutural de gênero na produção do conhecimento cientifico e no desenvolvimento tecnológico. Desse modo, tomando por base as epistemologias feministas do campo STS o presente trabalho pretende investigar os impactos da narrativa masculina na produção da ciência jurídica, especificamente de legislações de proteção a mulher na sociedade, evidenciando os impactos negativos para o corpo social feminino predominantemente marcado pelas perspectivas masculinas. O arcabouço histórico revela que as mulheres carregam na sociedade o fardo da subjugação e sub-representação social que se estende para a seara cientifica, vez que se criou uma narrativa falaciosa e tendenciosa de colóquios femininos no espaço familiar e doméstico. Essa perspectiva reflete em práticas jurídicas e cientificas distorcidas e que não alcançam a realidade e os problemas enfrentados pela mulher desnudando o corpo social feminino para o parricídio2 social e com legislação que não tutela efetivamente pelas mulheres que vão desde legislações frágeis de proteção a mulher no ambiente de trabalho, a política salarial desigual, alcançando descaso no encarceramento feminino e exposição a violências de especificas de gênero. O artigo tem o objetivo de explorar como as epistemologias feministas contribuem para questionar a ideia de neutralidade da ciência, trazendo a baila a teoria de Donna Haraway “conhecimento situado” e desvelando deficiência da ciência jurídica na tutela feminina. Para isso utiliza-se a abordagem qualitativa e interdisciplinar fundamentada em uma revisão bibliográfica e literária com fulcro na epistemologia feminista de CTS e na analise conjunta das legislações nacionais de suposto cuidado e proteção feminina com viés crítico para promover o debate e permitir uma análise mais profunda das origens da desigualdade e criar um espaço de especulação sobre possíveis e urgentes soluções na tutela do corpo social feminino.

Referências

BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo. Tradução de Sérgio Milliet. 4ª ed. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1967. [Nota: Há traduções mais recentes, como a da Editora Nova Fronteira, de 2009.]

BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. Tradução de Maria Helena Kühner. 4ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2019Políticas do Sexo – Gale Roube

BUTLER, Judith. Corpos que importam: sobre os limites discursivos do "sexo". Tradução de Rogério Bettoni. 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

CHABAUD-RYCHTER, Danielle; DESCOUTURES, Virginie; DEVREUX, Anne-Marie; VARIKAS, Eleni (Orgs.). O gênero nas Ciências Sociais: releituras críticas de Max Weber a Bruno Latour. Tradução de Lineimar Pereira Martins. Brasília: Editora UnB; São Paulo: Editora Unesp, 2014

COLLING, Ana Maria e TEDESCHI Losandro Antonio, org. Dicionário crítico de gênero; prefácio [de] Michelle Perrot. – 2. ed. – Dourados, MS: Ed. Universidade Federal da Grande Dourados, 2019. 748 p.

FEDERIC, Silvia, 1942 – O patriarcado do salário: notas sober Marx, gênero e feminismo, volume 1; tradução Heci Regina Candiani. – 1. ed. São Paulo: Boitempo 2021.

FERNANDES, Maria da Penha. Sobrevivi: posso contar/ Maria da Penha. - - 2.ed. - - Fortaleza: Armazém da cultura, 2012

GARCIA, Carla Cristina. Breve história do feminismo – São Paulo: Claridade, 2015. 120p. : il. (Saber de tudo)

GILL, Lorena Almeida, OLYMPE DE GOUGES E SEUS ÚLTIMOS DIAS, Disponível em <http://pensamentoplural.ufpel.edu.br/edicoes/04/09.pdf> Acesso em: 4 de out de 2024

HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, n. 5, p. 7-41, 1995. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1773. Acesso em: set.2024

HIRATA, Helena; LABORIE, Françoise; LE DOARÉ, Hélène; SENOTIER, Danièle (orgs.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: UNESP, 2009

LIMONGI, F., Oliveira, J. de S., & Schmitt, S. T.. (2019). Sufrágio universal, mas... só para homens. O voto feminino no Brasil. Revista De Sociologia E Política, 27(70), e003. https://doi.org/10.1590/1678-987319277003

MOREIRA, Maíra Marcondes. O feminismo é feminino? A inexistência da mulher e a subversão da identidade. Belo Horizonte: Editora Scriptum, 2021

PITTA, Tatiana Coutinho, Protagonismo feminino: a necessária atuação estatal na proteção da mulher vítima de violência/Tatiana Coutinho Pitta. - - 1.ed. - - Birigui, SP: Boreal Editora, 2014

PIMENTEL, Silvia; DI GIORGI, Beatriz; MENDES, Maria. Estereótipos de Gênero I: como são julgados os crimes de estupro e demais violências sexuais contra as mulheres. 2ª ed. São Paulo: Matrioska Editora, 2023.

PIMENTEL, Silvia; DI GIORGI, Beatriz; MENDES, Maria. Estereótipos de Gênero II – Semente de Repertório: dos corredores e gabinetes aos processos judiciais. São Paulo: Matrioska Editora, 2023.

SALGADO, Gisele Mascarelli. As mulheres no campo do direito: retratos de um machismo à brasileira. Revista Estudos Feministas, v. 22, n. 3, p. 845-869, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2014000300012. Acesso em: 19 nov. 2024.

SOARES, Tatiana Dias. "Influencer Mariana Ferrer foi humilhada em audiência que terminou com acusação inédita: estupro culposo". The Intercept Brasil, 3 nov. 2020. Disponível em: https://www.intercept.com.br/2020/11/03/influencer-mariana-ferrer-estupro-culposo/. Acesso em: 19 nov. 2024.

SOUZA, Cristiane Aquino A DESIGUALDADE DE GÊNERO NO PENSAMENTO DE ROUSSEAU, Disponível em: http://www6.univali.br/seer/index.php/nej/article/viewFile/7198/4094 Acesso em: 4 de out. de 2024

TIBURI, Marcia. Feminismo em comum: para todas, todes e todos – 6ª Ed. – Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018. 126 p.: il.18cm

WOOLF, Virginia, 1882-1941. As mulheres devem chorar ... ou se unir contra a guerra: patriarcado e militarismo; tradução, organização e notas Tomas Tadeu, posfácio Guaraci Lopes Louro. – 1. ed. – Belo Horizonte: Autentica Editora, 2019 – (éFe;1)

Publicado

2025-02-14

Como Citar

SILVA, Renan Antônio da; PIPINO, Marina Beatriz Ferreira; GUERRA, Avaetê de Lunetta e Rodrigues; PURIFICAÇÃO, Marcelo Máximo. FEMINISMO E DIREITO: UMA ABORDAGEM CRÍTICA DO PATRIARCADO NO DIREITO. REVISTA ACADÊMICA DA LUSOFONIA, [S. l.], v. 2, n. 6, p. 1–19, 2025. Disponível em: https://revistaacademicadalusofonia.com/index.php/lusofonia/article/view/95. Acesso em: 12 mar. 2025.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

<< < 1 2 

Artigos Semelhantes

1 2 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.